Quem são o Conhaque e o Turko ?
Turko:
Boa pergunta… Quem é que nós somos, Conhaque? (risos)Conhaque: Mesmo, existencialismo a esta hora é difícil… Já não tenho paciência para ler Sartre (em tom jocoso). Fora de “tanga”, somos dois rappers de Braga.
Turko:
Extremamente talentosos, controversos, ilimitados, únicos, fora do comum, audazes e prontos para surpreender a tuga.Quanto à nossa idade, preferimos manter o sigilo, uma vez que, como artistas, nos adaptamos ao público-alvo que pretendemos. Ou seja, se o projecto for mais hodierno, nós somos jovens, no entanto, conseguimos desempenhar um papel mais maduro, caso seja necessário. Temos a idade que o público nos quiser atribuir ou a que o projecto necessitar.
Qual é a vossa zona?
Conhaque:
Eu sou de Maximinos, Braga, zona oeste da cidade.Turko:
Neste momento, moro no centro da cidade de Braga, S. Vicente. Embora possa dizer que a minha zona é a cidade inteira.
De onde vieram ?
Turko:
De tanto lado… A minha infância foi em Merelim de S. Paio, nos subúrbios de Braga, mas, na realidade, venho de várias zonas da cidade e de vários sítios… já morei na Holanda, em Amsterdão, Roosendaal e Roterdão, nomeadamente, durante uma fase mais dura da minha vida. Regressei a Portugal quase há um ano.Conhaque:
Eu, mal nasci, vivi no S. Gregório (Maximinos), depois, quando criança, fui criado na Sé; cheguei a morar cerca de 14 anos perto do Fujacal e voltei a Maximinos, moro ao pé das “Torres” (nome que dão ao bairro). Andei sempre pela zona oeste da cidade. Uma das menos bonitas.
Escrevem e cantam há quanto tempo?
Turko:
Comecei a escrever rap aos 8 anos e, concomitantemente, como consequência directa, comecei a cantar. Faço rap há 16 anos.Conhaque:
Eu faço há vinte, mais ou menos. A primeira vez que escrevi uma rima, andava eu na escola primária, nunca me hei-de esquecer dela, era uma criança: “driblo com palavras como o figo no futebol, sabes que a rimar, tenho mais gás do que o sumol”. Naquela altura, não era uma rima lame, agora é (risos).
Inspiraram-se em algum artista?
Turko:
Tantos… Ficava aqui um dia inteiro a contá-los… Não obstante, existem dois que me marcam e nos quais me revejo: Eminem e $tunna 4 Vegas. Os motivos são óbvios, o primeiro foi quem me deu vontade para começar a rimar, revejo-me neles porque são controversos, têm raça, dizem o que querem e como querem, sem estarem a pensar na reacção alheia, sem se preocuparem com o mundo, estilo: “I don’t give a fuck”. Não têm limites e são dopes – a coisa que mais me interessa. Eu sou idêntico.Conhaque:
Depende da ocasião, da música e do que vou realizar artisticamente. Desde o “Spoonie Rap” do Spoonie Gee, em 1979, até aos projectos mais recentes do Koba LaD, são mais de quarenta anos de rap e de referências. Tenho como rapper favorito o Slick Rick; nunca vi um rapper a conseguir fazer tudo ao mesmo tempo como ele. Por exemplo, na música “I’m Captive”, ele “cospe” cerca de 120 rimas em 16 barras sem perder Flow, com uma delivery cínica, ocultamente ofensiva, uma vez que se compreende que ele está a gozar com os outros rappers, sem fugir ao tema, brincando simultaneamente com a métrica. É o meu favorito. Influências portuguesas? Nunca hei-de ter uma!
Para onde querem ir?
Turko:
Não há limites. Queremos o que todos querem ou ainda mais, nisto, não somos hipócritas: queremos dinheiro, sair da “gutter”, arrancar da lama quem amámos, queremos explodir. Nem o céu é o limite!Conhaque:
Não posso acrescentar muito mais, partilho o mesmo sentimento do Turko e prometi para mim mesmo: em “Auschwitz” ninguém me enfia outra vez. “Bazar para Saint Tropez”…
Qual é a vossa vibe?
Conhaque:
Neste momento, é a vibe da label, Izanagi: Hits atrás de hits. Bangers atrás de bangers. Trap. Não há espaço para palha.Turko:
A vibe é não haver limites, penso desta forma e nunca mudarei, não interessa o que fazes – se é Trap, se é Boombap, se é G-funk -, o que interessa é que seja Dope! A nossa vibe é dope, é partir tudo!
O que vos levou a escrever esta música?
Conhaque:
Aconteceu… Estávamos no estúdio, na altura uma sauna, o Karma meteu o beat a rolar, nós já estávamos bebidos, fui para o microfone e comecei a dizer “Zagalalé, sempre que arranco é Courvoisier”.Turko:
Sim, foi extremamente espontâneo…
O Conhaque estava a fazer a linha musical, eu tinha umas barras escritas que se encaixavam na ideia que estava a surgir, fui para o microfone e gravei-as.
O que esperam desta música “Zagalalé ” ?
Conhaque:
Aquilo que ela merece!..Turko:
Este som é uma bomba, independentemente do hate que nos queiram dar, nós conseguimos fazer neste som algo que a tuga anda a tentar fazer há anos, mas sem assumir. Nós assumimos! Juntamos o estilo de Trap que anda a ser feito em dois continentes (América e Europa) num só som. Queremos que seja respeitada; não pelos carros, jóias ou Flex, mas pela qualidade da mesma.Conhaque:
É impossível saber o resultado deste tipo de obras artísticas, no entanto…
Ó pá… vamos ser honestos: Nós temos consciência do que fizemos, isto é uma bomba! Talvez o público português demore a perceber, é o que é, mas se isto se tornasse num hit a nível nacional, ou mais, não era imerecido e eu não me admirava. Agora, o que vai acontecer? Nunca se sabe, senão, já estávamos como o Bill Gates. O desprezo gratuito e a ignorância são as maiores ofensas que existem, mas, se não matarem, engordam.
É um single ou faz parte de um álbum?
Turko:
Podemos afirmar que é um single. É o primeiro feito em conjunto pelos dois. Falar de álbuns, hoje em dia…Conhaque:
É “atirar areia para os olhos”. O que interessa é ter uma vasta lista de músicas para podermos actuar em público. Se ao fim de várias serem lançadas, quisermos criar um álbum, fá-lo-emos.
Turko: Um Greatest Hits (risos).
O que é que podemos esperar desta dupla no ano de 2020?
Turko:
Bangers atrás de bangers! Obviamente surgirão projectos a solo, participações…Conhaque:
O mesmo que podem esperar da Izanagi Records. Não há espaço nem tempo para fazer músicas só por gosto pessoal, ou porque as sentimos, o objectivo é lançar hits, bangers, músicas que possam bater e atingir grandes números. Da label Izanagi, só saem este tipo de sons. Não desperdiçamos energia em vão nem em nada que não possa contribuir para os nossos objectivos.
O que acham da worldstartuga?
Podemos falar da worldstartuga como artistas, e é uma boa alternativa para expor o trabalho de muitos outros rappers. Acaba por ser uma ajuda para “underdogs” como nós, uma vez que as grandes distribuidoras e corporações, como a Sony, a Universal, a Meo… e outras… acabam por abafar um mercado que, supostamente, é livre, mas, na prática, a teoria é outra. Não faltam artistas inferiores a nós no topo, mas, infelizmente, as pessoas não fazem a mínima ideia de como funciona o rap game por trás do pano e acreditam numa meritocracia inexistente. Ninguém está no topo somente porque tem talento. Ninguém. Desejamo-vos a continuação do bom trabalho e o maior sucesso.